domingo, 28 de abril de 2013

É domingo.
Nunca fui uma especialista em viver domingos.
Para falar a verdade, nunca fui especialista em lidar com dificuldades. Neste aspecto, domingo era/é uma dificuldade.
Quem pode suportar o peso que um domingo carrega quando se está sozinho?

Quando eu era uma menininha, não sabia definir a sensação que me vinha ao ver o entardecer daquele dia quieto. O domingo tinha uma cor vermelho alaranjado do silêncio. As janelas todas iguaizinhas de condominio, estavam caladas.

Ver alguns meninos brincarem, isto era muito raro num domingo.
Não sabia para aonde todas as vidas iam, para aonde fugiam os sorrisos, as vozes, os sons distantes de uma música qualquer.

Em minha casa vivia o sono, o cansaço pesado do dia de trabalho.
O som da televisão, em geral, se fazia presente. E, cá sabemos nós, amigos, a televisão não foi feita para os domingos.
(em verdade, a televisão não foi feita para dia algum).

Aquele dia era impróprio. Na minha concepção infantil, nem deveria fazer parte do calendário. Não digo isto porque ele precedia as segundas-feiras. Para mim tanto fazia o dia que ele precedia e o que viria decorrer disso. O caso é que o domingo parecia me adultecer, isto me incomodava.

O domingo me forçava a refletir, viajava para além da minha existência simples de criança e me forçava a criar um sentimento consciente demais de si.

Diferente disto, os meus domingos de mulher adultecida não contêm tanta poesia.
Agora que trabalho, aquele adulto especial demais da infância perdeu um brilho.
Os meus domingos se resumem a uma só ambição: caminhar pelas manhãs sob o sol da praia.

Imaginem, desejo os domingos pela manhã.
E amo os domingos a tarde.

No entanto, sigo sem saber vivê-los: nunca aproveitei uma manhã  de domingo (cheio) de praia.


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